terça-feira, fevereiro 26, 2008

A Via Verde

Não aguentei mais. Resisti durante muitos anos mas acabei por ceder à tentação de aderir à Via Verde. Banal, dirão os dignissimos leitores. Mas é que estava-me a custar ter que pagar os 30 Euros do identificador. Não pela quantia em si, mas porque para mim há gastos que não fazem sentido. O mesmo acontece com as gravatas e com os perfumes. Penso sempre, porque hei-de gastar loucos montantes numa tirinha de tecido ou num frasquinho com meia duzia de pétalas esborrachadas? Além disso, mais cedo ou mais tarde, há sempre alguém que acaba por me oferecer estes dois acessórios. Estava à espera que, com a Via Verde, fosse a mesma coisa. Mas como não aconteceu, lá me decidi. Acabaram-se, portanto, as centenas de minusculos recibos na bolsa da porta esquerda e as moedas chocalhantes no cinzeiro da viatura. Acaba-se, também, a relação que estabeleci com as Portageiras de Sto. Amaro de Oeiras. Confesso que já me sentia controlado por elas. E se durante alguns dias fazia o percurso pelo IC19 ou pela Marginal, quando regressava à A5, deitavam-me aquele ar controlador, tipico das namoradas, como quem diz "mas por onde andaste tu, meu cabrão?" Enfim, tanto entusiasmo e o facto de não estar parado meia hora enquanto o condutor da frente conta as moedas de cêntimo, sempre dá para ludibriar a nossa mente, pois, o facto é que estamos a pagar algo que já está mais do que pago com o nosso tributo. Ganância amigos, ganância.
PS: Também usava esta T-Shirt.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

terça-feira, fevereiro 12, 2008

O Ferro de Engomar

Todas as manhãs passo a ferro uma camisinha para ir perfeitinho para o trabalho. Bom, nem todas. Às vezes acordo e mando aquele "FODA-SE" do desespero, por saber que, enquanto acabo de me vestir, já a minha malta está a cirandar pelo escritório. Paciência. Dias não são dias. Mas voltando ao inicio, hoje, enquanto engomava a indumentária, lembrei-me que no meu trabalho ainda não me tinham entregue o diploma do curso de Brigadas de 1ª Intervenção que tirei nos Bombeiros de Carnaxide (se um dia houver fogo na minha empresa, serei o herói que o vai apagar ou o primeiro a dar de frosques), quando, qual cruel coincidência, o fio do meu ferro de engomar começa a ser devorado por chamas. Mais parecia um rastilho de dinamite. E a minha primeira reacção?! Soprar. Pus-me a soprar feito parvo, mas nada. Até que o quadro disparou e, aí sim, o sopro foi eficaz. Um cagaço logo pela matina e um curto prejuízo. O ferro já estava velhinho. Oito anos depois, lá fui comprar um novo ferro de engomar, esquecido, por completo, da inevitável evolução do vulgar electrodoméstico. Devo dizer-vos que a escolha era interminável. Parecia que estava no Salão Internacional do Automóvel, mas, em vez de carros, havia centenas de ferros de engomar, com as mais variadas cores e feitios. Enfim, uma loucura. Lá chegou a menina engraçada de aparelho nos dentes, também ela a parecer um colorido electrodoméstico, para iniciar a caça à comissão sobre as vendas. Começou por me indicar um ferro de engomar que mais parecia um Mini Cooper dos modernos. Aquilo tinha tudo. Segundo ela, era o Rolls Royce dos ferros de engomar. Tal era o entusiasmo da menina que quase me deu a entender que a máquina operava sozinha. Cá pra mim, aquilo tinha aspecto de que fazia um grande bife com batatas e ovo a cavalo. Custava era para lá de um dinheirão, talvez o equivalente a duas prestações do meu automóvel. Disse-lhe que não estava preparado para ter um utensílio mais inteligente do que eu na minha própria casa. Desapontada, lá desceu a fasquia. Dos luxuosos passamos para os desportivos, destes para os executivos, depois para os familiares, até que, finalmente, chegamos aos utilitários. Para desespero da minha vendedora, rapidamente passamos dos de trezentos e tal euros para os de menos de cinquenta. Lá tomei a decisão e optei por um, estilo Volkswagen Golf dos ferros de engomar. Tem caldeira e tudo. No meio disto tudo, só me entristece ter que arquivar o esguichinho borrifador movido a água, em tempos a Fabulon. Enfim, vou já testá-lo. Até daqui a oito anos...espero eu!