terça-feira, janeiro 02, 2007

Vídeo ilegal de execução de Saddam Hussein





O Governo iraquiano ordenou uma investigação sobre o vídeo da execução do ex-Presidente do país, Saddam Hussein, a fim de descobrir como os guardas responsáveis pela execução filmaram clandestinamente o enforcamento.

O Governo do Iraque vai investigar também os responsáveis pelas provocações e a violência verbal e física contra Saddam nos momentos que antecederam o seu enforcamento.
A execução de Saddam Hussein gerou protestos e manifestações por todo o país e está a ser referida como um acto de vingança xiita contra o regime sunita que dominou o Iraque entre 1979 e 2003.

Execução apressada

Os Estados Unidos tentam agora fazer com que os xiitas não afastem os sunitas do poder no país. Oficiais em Washington estão irritados também com a influência de radicais xiitas como o clérigo Moqtada al Sadr sobre o governo do primeiro ministro Nouri al Maliki.De acordo com um alto oficial iraquiano, o embaixador dos Estados Unidos no Iraque chegou a tentar persuadir o xiita Al Maliki a não executar Saddam Hussein apenas quatro dias depois de sua apelação ter sido rejeitada.O embaixador teria pedido a Al Maliki que esperasse pelo menos duas semanas antes da execução.Os Seus pedidos, no entanto, teriam sido ignorados, e Saddam foi executado nas primeiras horas da manhã do último sábado (30 de dezembro).


O video

Presidente iraquiano Saddam Hussein, executado neste sábado pela execução de 148 civis xiitas na década de 80, invocou Alah em suas últimas palavras antes de morrer, como registou um novo vídeo divulgado hoje na internet. Um vídeo de 2 minutos e 38 segundos postado no YouTube (e retirado do ar por volta das 23h00 de Lisboa), provavelmente gravado por um telefone celular, mostra pela primeira vez o processo completo da execução de Saddam
.A sequência expõe o ex-presidente sobre ao local onde seria executado e pronuncia a invocação a Alá, enquanto testemunhas dizem "Moqtada, Moqtada, Moqtada", em referência a Moqtada Sadr, líder de milícias xiitas.
"É essa a nobreza humana?", diz então Saddam, após pronunciar uma frase que não se compreende. Uma das pessoas que presenciou a execução replicou "abaixo a ditadura" e outra disse "viva Mohammed Baqer al Sadr", tio de Moqtada, fundador do partido Dawa, morto no governo de Saddam. Antes de morrer, o ex-ditador recitou sobre a fé muçulmana: "Eu testemunho que não existe outro Deus que não Alah e que Maomé é o seu profeta". O enforcamento ocorreu quando Saddam iniciava a repetição da oração muçulmana, momento no qual escuta-se "caiu o tirano".

Imagens na Imprensa

Algumas horas antes do enforcamento de Saddam Hussein, executivos de redes de televisão dos quatro cantos do mundo perguntavam qual seria a maneira mais apropriada de exibição das imagens da execução do ditador iraquiano.
Segundo uma reportagem do "The New York Times", antes que as imagens chegassem às mãos dos executivos das rede de televisão americanas ABC e CBS, eles já defendiam que o vídeo deveria ser, sim, exibido, mas com imagens em baixa resolução e, certamente, não mostrariam a execução completa de Saddam Hussein.
A NBC News, entretanto, indicava que iria mais longe que os seus competidores. Steve Capus, presidente da NBC News, afirmou que a rede mostraria "um grande close na imagem de Saddam enforcado". Mas, ele garantiu que a NBC tomaria suas decisões baseadas em questões de bom gosto e históricas."Acredito que seja apropriado a exibição de imagens de Saddam depois de seu enforcamento", disse Capus, citando imagens históricas de outros ditadores mortos anteriormente. "Penso na força do ícone da imagem de Nicolae Ceausescu, na Roménia, literalmente deitado na sarjeta."Já os canais americanos de televisão CNN e Fox News não definiram previamente os limites impostos sobre qualquer imagem da morte de Saddam Hussein, afirmando que decidiriam o que divulgar depois que tivessem o material disponível -o que não implicaria a divulgação de imagens completas do enforcamento.Executivos de canais de televisão afirmavam ontem que esperavam ter acesso às imagens ao menos para disponibilizá-las em sites da internet. "De alguma forma isso vai ser divulgado", afirmou Paul Friedman, vice-presidente da CBS News. "Este vídeo estará disponível em algum lugar, em algum canal ou site." Em reunião com sua equipa, Friedman afirmou que haveria muita pressão para o uso das imagens da hora exacta do enforcamento. "A CBS não vai mostrá-las."


Funeral

O líder que comandou o Iraque durante quase três décadas antes de ser derrubado por forças dos Estados Unidos em 2003, foi enterrado na madrugada deste domingo em sua cidade natal, no norte do Iraque.Ele recebeu um funeral, e seu corpo foi lavado e coberto de branco de acordo com rituais muçulmanos por um pequeno grupo de homens de sua tribo.Uma fonte próxima a líderes sunitas locais, que participou no funeral, disse que os procedimentos incluíram uma cerimónia repleta numa mesquita construída pelo ditador em 1980 em Tikrit.


A revolta

Centenas de manifestantes fizeram luto por Saddam nesta segunda-feira num bairro sunita a norte de Bagdad. Alguns homenagearam o partido Baath, o grupo nacionalista sunita que, sob Saddam, dominou o Iraque por décadas."O partido Baath e os baathistas ainda existem no Iraque, e ninguém pode marginaliza-los", disse Samir al Obaidi, 48, um dos que participaram da manifestação pró-Saddam no norte de Bagdad.


A norte de Bagdad, outras centenas de manifestantes marcharam para homenagear Saddam. Em Tikrit, cidade natal do ditador, iraquianos sacrificaram uma ovelha numa mesquita em homenagem ao ditador. A mesquita em Tikrit teve suas paredes repletas de cartões de condolências enviados por simpatizantes do sul do Iraque e da Jordânia que não puderam comparecer ao memorial.Além dos protestos no Iraque, muçulmanos organizaram manifestações contra a execução de Saddam também na Jordânia, onde vivem duas filhas do ditador, e na Índia.

Os sunitas protestam não só pela rápida execução de Saddam --apenas quatro dias depois que sua sentença foi confirmada pelo tribunal de apelações iraquiano-- mas também pelas imagens que mostraram provocações de xiitas contra o ditador nos momentos que antecederam seu enforcamento.Um vídeo clandestino feito provavelmente pela câmera de um telemóvel de um dos guardas presentes na execução foi divulgado na internet e em cadeias de TV por todo o mundo.O vídeo mostra que os guardas gritaram contra Saddam e defenderam radicais xiitas, como o clérigo Moqtada al Sadr, antes do enforcamento. Al Sadr é considerado um dos políticos de maior influência sobre o governo do premeiro ministro xiita Nouri al Maliki no Iraque.Outro motivo de protesto foi a data escolhida para a execução, no último sábado (30 de dezembro). Sábado é o primeiro dia do feriado sagrado do Eid al Adha, uma das mais importantes datas do calendário muçulmano.De acordo com informações divulgadas pela imprensa americana, até o Exército dos Estados Unidos tentou adiar a execução de Saddam, mas foi ignorado pelo governo xiita iraquiano.


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