Os meses passaram e o meu cabelo já quase impedia os olhos de vislumbrar o mulherio que habita esta linda cidade. Já não aguentava mais. Além disso, aqueles fatídicos minutos matinais que separam a cama do local de trabalho já não eram suficientes para vincar a risca e esconder os brancos. Decido, então, cortá-lo. Como bom português que sou, açoriano de gema, percorro as ruelas da capital em busca da típica barbearia de bairro. Sim, daquelas em que saímos de lá sem patilhas, roubadas pela forma de uma taça de esmalte, com a testa pintada de pó de talco, com as costas a arder em comichão provocada pelos cabelos esquivos, com menos um quarto de orelha, decepada pela lâmina multipessoal do barbeiro que, desde a tenra idade aplica o mesmo corte ensinado pelo pai, e este pelo avô. Daquelas barbearias onde encontramos a tradicional escarradeira, o boião com areia para as beatas mal apagadas, onde habitam meia dúzia de velhotes que contam as novidades da bola e que partilham conosco a vida das vizinhas mais atrevidas. Procurei mas não encontrei. Optei, então, por me dirigir a um cabeleireiro da moda, daqueles que brilham, que estão cheios de maravilhosas peitudas, com cabelos bem tratados, com aquele sorriso treinado para cativar o cliente a voltar e, quem sabe, fazer um tratamento às unhas ou, para os mais abixanados, uma depilação ao peito. Acreditem que não foi uma má experiência. Ali o tratamento é diferente. E que bom que foi enquanto me massajava o coiro cabeludo. Que jeitinho tinha ela. Meu Deus, como a profissional sabia massajar. Era uma sensação tão relaxante que quase me provocou uma erecção. Aguentei-me. Afinal, ali não ia cair bem. Claro que este carnaval de sensações paga-se bem. Apenas o triplo do que pagaria na barbearia do Sr. Zé. Mas como diziam as outras malucas, dias não são dias, e sempre saí à rua com um visual mais modernaço, e não com um corte à moda dos frades Franciscanos.
segunda-feira, março 05, 2007
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1 comentário:
Agora que não tens a marrafinha para fazer já chegas a horas ao trabalho LOL Saiu caro, mas uma boa massagem sabe sempre bem! Beijos meu taradão
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