Marco Lindo, irmão do Ludgero, também decidiu quebrar a tradição na ilha e apaixonou-se pela amiga da futura cunhada, que já não deixou voltar a Portalegre, no Brasil. «Foi amor à primeira vista» assegurou o jovem lavrador de 29 anos, para quem «as corvinas só olham para os homens ricos da terra» e, como tal, teve de encontrar uma mulher fora da ilha. A brasileira Carla Soares, 26 anos, sorriu ao ouvir as palavras de Marco e assegurou à Lusa que «bastou uma semana» para escolher o marido e o Corvo para viver, uma ilha que acha linda e onde nunca se sentiu isolada. Segundo referiu, inicialmente a família estranhou a decisão de casar e viver no Corvo, mas acabou por apoiar, ao constatar que o amor pode estar à distância de um clique.
Alguns habitantes da ilha olham, porém, com desconfiança para esta novidade, considerando mesmo que as mulheres brasileiras querem, apenas, obter a legalização em Portugal. Escusando-se dar o nome, algumas das pessoas com quem a Lusa falou comentaram que os três jovens que pagaram passagens às brasileiras estão a ser enganados e manifestaram receio de que a moda pegue, agora que o acesso à Internet é gratuito e toda a gente no Corvo tem computadores. Na passada sexta-feira, o Governo açoriano inaugurou, na mais pequena ilha do arquipélago, o projecto «Corvo Digital», que disponibiliza aos 400 habitantes acesso gratuito à Internet, através do sistema sem fios.
O Padre local, Alexandre Medeiros, demonstrou apreensão quando inquirido pela Lusa sobre este novo tipo de relações na ilha, mas esclareceu que se trata de casamentos cívis e não religiosos. Alexandre Medeiros, que chegou ao Corvo há dois anos, adiantou que, em 2005, celebrou apenas dois casamentos na ilha.
Colocado perante a hipótese de um dia vir a unir um destes casais, diz: «teria de entrevistá-los primeiro para saber quais os sentimentos em causa»”.
in Atlântico Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário