terça-feira, outubro 10, 2006

Nacional Porreirismo




É a nossa sociedade, a portuguesa, que vive à sombra deste nacional porreirismo (expressão feliz de Miguel Esteves Cardoso) presente em todos os sectores, onde os compadrios imperam e fazem parte do nosso modo muito particular de estar na vida. Para subir na vida em Portugal, para obter boas notas na Universidade, para se entrar a bem numa empresa, para se conseguir um cargo político, o "engraxar" os nossos superiores hierárquico é crucial, é a condição sine qua non. Claro que a intriga contra colegas também tem lugar de realce, a lealdade é muito apreciada pelos nossos superiores e nunca ousar dizer aquilo que se pensa, pensar pela própria cabeça é um problemão, dá chatice, ou pelo menos nunca dizer tudo aquilo em que se pensa.É bom fazer parte do sistema, é bom ser compadre, é gratificante dizer: "o tipo é dos nossos", "com esse é garantido", "não vai haver problemas".O português não gosta de se chatear, não gosta de discutir e desde que a sua vida continue na mesma sem que isso implique que se chateie muito, está tudo bem.O abismo exterior pode ser cada vez mais evidente, mas desde que a sua vida vá sem grandes desvios, estamos satisfeitos. A mediocridade é lei, afinal a sociedade tá repleta de indíviduos normais. Damo-nos por satisfeitos, "deixa andar,logo se vê", "não deixes para amanhã o que podes fazer depois de amanhã" e se algo falhar a culpa é de José Sócrates, o nosso actual bode expiatório. A este porreirismo nacional associa-se o xico espertismo, tão popular também entre nós. O português gosta de aldrabar. Gosta de fazer biscáte. Gosta do leasing quando se aproxima o verão.E gába-se dos seus feitos. Aldraba, desvia,foge,desenrasca e depois adora publicitar os seus feitos, chegar ao café da Dália e contar aos amigos as suas façanhas e o orgulho que sente..afinal "os outros são todos estúpidos".

Sem comentários: