quinta-feira, novembro 09, 2006

Darfur - A repetição






Darfur: drama do Ruanda em câmera lenta




Sudão maior país africano, de língua oficial árabe, com cerca de 38milhões habitantes, obteve asuainde pendência do Reino Unido a 1 de Janeiro de 1956. A sua capital, Cartum, tem cerca de 5,8
milhões de habitantes. O país encontra-se em guerra civil há 46 anos. O islamismo é a religião dominante(74,7%), crenças tradicionais(17,1%) e cristianismo(8,2%). Muçulmanos concentram-se no norte do país e as outras religiões no sul.


Darfur, região ocidental do Sudão,"terra dos fur", com cerca de 5,8 milhões de habitantes, divide-se em três estados federais sudaneses: Garb Darfur, Djanub Darfur, Chamal Darfur. Esta região do extremo oeste do Sudão, encontra-se em conflito desde 2003, no momento em que dois grupos, rebelaram-se contra o governo central sudanês, pro-árabe: o Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de Libertação Sudanesa. Em
resposta à rebelião, o Governo central sudanês, desencadeou uma acção de limpeza étnica contra a população de Darfur não muçulmana, liderada pela milícia
árabe,janjaweed.














O conflito de Darfur é considerado um problema de base étnica, não um problema religioso, onde se confrontam as populações arabizadas e as populações negras africanas. O Governo do Sudão, acusado sistematicamente de corrupção, faz uma perseguição à sua própria população não árabe desde Fevereiro 2003.

O Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de Liberação Sudanesa acusaram o governo de oprimir os não-árabes em favor dos árabes do país e de negligenciar a região de Darfur. Como resposta, o governo lançou uma campanha de bombardeamentos aéreos contra localidades darfurenses em apoio a ataques por terra efectuados por uma milícia árabe, a janjaweed, para dissuadir a contestação.Estes últimos são acusados de cometer graves violações dos direitos humanos, como: assassinatos em massa, violações sistemáticas das mulheres não árabes e crianças, incêndio de aldeias, forçando os seus habitantes a fugir para campos de refugiados localizados em Darfur e no vizinho Chade.

Calcula-se que tenham morrido cerca de 200 mil pessoas e que a população refugiada se cifre em 2 milhões, provocando uma enorme crise humanitária, que a ONU como principal orgão internacional não tem conseguido controlar apesar das resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. A resolução 1564, estabeleceu uma comissão de inquérito em Darfur para avaliar o conflito.Em maio deste ano, o Exército de Libertação do Sudão e o governo sudanês aceitaram firmar um acordo sobre Darfur. As mílicias Janjaweed seriam desarmadas e os militares rebeldes incorporados às forças armadas do país. A União Africana (UA) – grupo de países do continente –, com o consentimento do Sudão, enviou 7 mil soldados para monitorar o cessar-fogo.Apesar do acordo, a violência continuou.Quando os combates se intensificaram em julho e agosto de 2006, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 1706, de 31 de agosto de 2006, que prevê o envio de uma nova força de manutenção de paz da ONU, composta de 20 000 homens, para substituir as tropas da União Africana presentes no local, que contam com 7 000 soldados. O Governo do Sudão opôs-se à Resolução e, no dia seguinte, lançou uma grande ofensiva na região.

Há pouco mais de um mês, os sobreviventes da guerra entre tutsis e hutus no Ruanda fizeram uma manifestação em Kigali, tentando chamar a atenção das Nações Unidas para outro genocídio que ocorre na África. “Nós sobreviventes estamos do lado das vítimas em Darfur”, disse um deles. “Nós sabemos o que é perder nossas mães, pais, irmãos, irmãs, filhos e filhas.”

As falhas da ONU voltam a ser realçadas como em outras situações de conflito anteriores e crises humanitárias, como foram os casos da Bósnia, Somália e Ruanda, discutindo-se a urgência da sua reformulação e restruturação.

O governo do Sudão persegue a sua própria população, praticando uma limpeza étnica de enormes proporções que se arrasta lentamente sob o olhar complacente dos seus parceiros privilegiados, a China( pela compra de Petróleo) e a Rússia(venda de armas), membros permanentes do Conselho da ONU, são acusados de impedir a aprovação de uma resolução sobre o envio de uma missão das Nações Unidas há região.

Com pouco peso político nas questões internacionais, o Sudão regularmente decora os discursos de líderes mundiais, mas, na prática, o país continua sendo palco do que muitos já nomearam de “Ruanda em câmera lenta”. Apenas nesta última sexta-feira, foram registadas 63 mortes, metade das quais crianças.

A violência gerada pelo conflito no Darfur já provocou desde 2003 mais de 200 mil mortos e dois milhões de deslocados. A força de manutenção de paz da União Africana está a terminar o mandato, o governo do Sudão não aceita que seja substituída por um destacamento da ONU.

O genocídio continua.O congelamento os bens dos dirigentes sudaneses, o embargo de armas e petróleo e a invocação do Art. 7º das Nações Unidas, de forma a aprovar uma missão de paz são as alternativas apontadas por Ana Gomes, eurodeputada do PS, que considera que "Se não for possível decretar ao nível do Conselho de Segurança, devido às posições da China e da Rússia, é altura da União Europeia se juntar aos Estados Unidos nessa matéria." entrevista ao DN 29.10.06 -http://dn.sapo.pt/2006/10/29/internacional/forca_onu_de_entrar_darfur.html

«A Carta das Nações Unidas pede que intervenham, que salvem vidas".Prémio Nobel da Paz Elise Wiesel

Links-http://www.savedarfur.org/content

- http://www.darfurinfo.org/

1 comentário:

Xiquinho disse...

É triste que ainda se assistam a situações como esta. É triste que, para tantas e tantas pessoas, a vida humana não tenha o mínimo valor. Matam-se pessoas como se fossem insectos. O pior é que tudo isto é feito em consciência e com o apoio das "ditas" democracias ocidentais, que enriquecem em biliões com o negócio da venda de armas aos países sub-desenvolvidos. Perde-se a cabeça pelo dinheiro e pelo poder. O egoísmo e a vaidade apoderaram-se dos governantes do mundo. E em consequência de tudo isto, as pessoas sofrem e continuam a morrer. É a repetição do massacre do Ruanda.