sábado, dezembro 16, 2006

Arte de evitar o pior


Alívio e críticas da Imprensa

No dia a seguir à apresentação oficial do relatório
Baker-Hamilton, 6 de Dezembro em Washington,
a imprensa americana não poupava
elogios ao trabalho do Grupo de Estudo sobre o Iraque.
«
Este relatório bem poderia chamar-semanifesto
dos realistas»
Considerava The Washington Post,
aplaudindo
«o repúdio da abordagem política e diplomática
do Governo Bush no Médio Oriente».

The New York Times, elogiava «o consenso pragmático
»
e afirmava que o relatório Baker-Hamilton iria
«forçar o Presidente Bush a aceitar a dura realidade,
a saber, que a sua política no Iraque não funciona
e que os cidadãos não a apoiam».

Depressa, porém, a imprensa americana se tornou
crítica. A 8 de Dezembro, The Boston Globe abriu as
suas colunas ao ex-embaixador americano Peter W.
Galbraith(#), para quem o plano Baker não passa «de
um relatório nado-morto. É impossível pôr em prática
as recomendações que contém».

Passados alguns dias, um editorial de The Washington
Post, intitulado «Grupo de Estudo sobre o Iraque
imagina um Médio Oriente que não existe», criticava
a nova ofensiva diplomática preconizada pelo relatório
Baker-Hamilton. «As prescrições da comissão são
admissíveis no plano táctico, mas a estratégia diplomática
é irrealista, nomeadamente a ideia de que a
resolução do conflito israelo-palestiniano seria fulcral
para pôr fim ao caos no Iraque».
Mais severo, o cronista Frank Rich, de The New York Times, considera
que os conselhos da comissão «são apenas placebos,
cujo único objectivo é pacificar a opinião pública.
Afinal, o relatório contenta-se em adiar o momento
em que nós [os EUA] iremos reconhecer a
nossa derrota no Iraque».

(#)Peter W. Galbraith é autor de «The end of Iraq: how American
incompetence created a war without end» (O fim do Iraque:
como a incompetência americana gerou uma guerra sem fim)
Esta semana no Courrier Internacional

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