domingo, dezembro 17, 2006

Terror em Manipur

Região do Nordeste da Índia, onde o exército indiano goza de poderes absolutos e brutaliza a população há mais de 25 anos.




O exército indiano leva regularmente, grupos de rapazes e raparigas jovens, oriundos do Estado de Manipur, a realizar uma viagem pelo país. A intenção destes programas é atenuar o ressentimento da população local em relação ao exército indiano e servir a causa da integração nacional.

Há quase meio século, foi decretada a lei de excepção de poderes especiais das forças armadas, permitindo ao Governo central, a transferência de alguns poderes para o aparelho militar indiano, em caso de surgirem problemas em qualquer um dos Estados da União Indiana. Coube em sorte a Manipur ser um dos alvos desta lei de excepção. Os conflitos intertribais, oferecem o pretexto ao Governo de Nova Deli o poder de intervir, desde 1980.

No entanto a acção tribal, não diminui, com a intervenção militar na região. Em nome da manutenção da ordem, os militares iniciaram um processo contínuo de prisão de pessoas e a prática de homicídios arbitrários, pilhando aldeias, incendiando casas, executando violações em série de mulheres e realizando chacinas, tudo com carta branca do Governo central, com o fundamento de assegurar a paz e controlar a região.

Os jovens referidos à pouco, quando regressam a Manipuri, depois da ronda pela país, regressam com o sentido "nacional" nas suas mentes? Jornalistas indianos afirmam que é uma pura ilusão do Governo central. As mudanças positivas esperadas, não se verificam, permanecendo a população descontente e não colaborante.O exército é para essas populações o simbolo da tirania e da barbárie.A alienação do resto do país é o espírito dominante.As manifestações multiplicam-se contra a acção militar na região.Os excessos do exército, as pilhagens constantes, as violações de mulheres, a humilhação a que são sujeitos, transformaram um povo pacífico, numa comunidade plena de raiva. A manifestação das mães de família realizaram uma no final do ano 2000, obteve grande eco no país, em que as jovens desfilaram pela capital Imphal, sem uma única peça de roupa,no seguimento da violação e assassínio de uma jovem.Outro drama que se vive na região é o crescente contágio pelo HIV, que tem vindo a crescer rapidamente nos últimos anos.

A lei sobre os poderes especiais, permite aos militares prender qualquer cidadão à mínima suspeita, e torturá-lo ou matá-lo com toda a impunidade. A sua população não goza dos direitos democráticos que a Constituição indiana, garante ao resto dos cidadãos do país.
O fim dos poderes especiais das forças armadas não parece estar á vista, e os direitos humanos da população de Manipur continuam a ser violados pelo poder excessivo poder atribuído ao exército e as detenções ilegais, a tortura e as violações prosseguem.

Manipur é um dos sete estados do nordeste da Índia . A impunidade das forças armadas permite que qualquer um esteja sob suspeita. Tais poderes são tão abrangentes que mesmo um vulgar soldado pode disparar para matar sem que a sua acção seja questionada. Embora o seu mandato é fornecer protecção às polícias locais para que a lei e a ordem sejam mantidas, os limites são cruzados frequentemente.
A região é negligenciada pelo governo Indiano que se esconde no argumento das lutas tribais. Manipur num passado recente, enfrentou diversas situações severas de crise, onde centenas de vidas foram perdidas. Muitos desapareceram e diversos torturarados até à morte.A liberdade de expressão e de imprensa não são permitidas na região.


Irom Shamila

Exemplo de protesto e de raiva é o de Irom Shamila. Há quase cinco anos que se encontra em greve de fome, exigindo a revogação da lei e a retirada do exército da região. De vez em quando é detida pelas autoridades e levada para o hospital, sendo alimentada à força. Quando posta em liberdade, reinicia a greve.
À cerca de um mês refugiou-se em Nova Deli, recomeçou a greve de fome na expectativa da sua presença na capital indiana, despertasse a consciência dos líderes políticos. Sem efeito. Nova Deli é a capital de um país "civilizado", recusando que uma cidadã se recuse a receber alimentos e água num local público. Foi detida, levada para um Hospital e alimentada à força. As autoridades não cedem, os poderes especiais do exército continuam intocáveis e o terrorismo de Estado será prolongado.Uma nova Caxemira nasce.

Fonte-THE TELEGRAPH- Ashok Mitra

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