domingo, janeiro 21, 2007

O Gang do pastel

Há um fenómeno que me assusta, intimida-me e tira-me do sério. Aqui pertinho da minha casa, aqui de onde os nossos antepassados partiram em busca das especiarias indianas e das relações sexuais "low cost", aqui mesmo, reune-se ao fim de semana o gang do pastel. É gente doida e perigosa. É gente que faz centenas e milhares de quilómetros para vir em busca do tão afamado doce português, e faz trinta por uma linha para o conseguir. E não estou a dizer que os pastéis de belém são maus, bem pelo contrário, são bons às oito da matina nos dias de semana. Como o fresco e fofo, é quente e bom. Mas ao fim de semana é impossível. É doentio. É de loucos. O gang junta-se todo. Fazem filas de largos metros. Andam à chapada. Discutem muito e berram em demasia. É vê-los a sair prontos para a luta com sacos e mais sacos de artilharia comestível. E como sorriem depois de esperar três horas por tão fina peça de doçaria. Saem triunfantes e orgulhosos pela conquista. E como olham com desprezo para os pobres diabos que ainda nem a meio da jornada vão, como que a dizer "toma meu cabrão, que também tive que gramar na fila." É imaginar os futuros AVCs. Mas eles e elas não se importam. E educam os herdeiros, mas com uma diferença: os pais bebem café, os filhos já emborcam o pastel com recurso aos refrigerantes borbulhentos. Mas não há problema porque "arranja-se um atestado à criança para não fazer as aulas de educação física. É que é tão doente, coitadita." Mas pior do que o gang do pastel, só mesmo os "fast natas ou natas drive", isto é, aqueles carissimos cidadãos que não ousam gastar as solas dos sapatinhos ortopédicos ou de sola confortável, cuja distância de meia dúzia de metros entre a viatura e a superficie comercial é um calvário e um fardo dificil de suportar, e que por esta ou por razões que nem sonho, param em segunda fila, gerando o caos no tráfego de Belém e uma desorganização mental no arrumador/agarrado de serviço. Pois é como vos digo, caros leitores e seguidores deste espaço de variedades, Belém, na doce triologia por nós venerada - sábados, domingos e feriados - nestes dias fica impossível, caótico e doentio. A evitar.

4 comentários:

Kaipiroska disse...

Excelente texto/descrição! Parece que estou a ver as famílias inteiras na "bicha" em busca do tão afamado pastelinho...

***
Jr

Maria Brandão disse...

Eu já vi. O pior é que não só famílias. É cá uma fauna...até mete medo.

Anónimo disse...

Domingo à tarde, bom dia pra ir ver estrelas.. depois do Planetário.... Qual visita afamada ao canto milagroso do pastelinho!!! Lá consegui comprar um pacotinho depois de mtas pisadelas e encontrões.... Aprendi a lição! Nunca mais!!!!!

Anónimo disse...

andaste a perder, ja pensaste comecar a escrever algo para publicar a serio...